quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quando acabarmos com o planeta, pra onde você irá?

"É preciso renunciar ao crescimento enquanto paradigma ou religião".

Daniel Quinn publicou Ismael - Um romance da condição humana nos EUA, em 1992. Aqui no Brasil, ele é editado pela Fundação Peirópolis.
Nesta obra, o autor faz uma analogia chocante de nosso modo de vida consumista-capitalista com um avião em queda. Se um avião não for construído respeitando as leis da física, ele cai. Se colocarmos peso demais dentro dele, também.
E ele faz uma grande reviravolta sobre nosso conceito de espécie humana superior a todas as outras na Terra, apontando nossos equívocos primários e nossa trajetória suicida no avião que construímos e imaginamos pilotar, mas que não pode evitar de ir para o fundo de um penhasco, a não ser...
O autor observa que um avião em queda está no ar, mas por pouco tempo. E se não sabemos que estamos caindo, podemos imaginar que voamos normalmente. (É claro que devemos ter perdido a noção de direção! Alguma dúvida?)
Esta é a situação dos seres humanos em nosso planeta.
Criamos uma bolha de crescimento econômico e, enquanto vivermos focados em crescer, esquecemos do resto, desligamo-nos do que está ocorrendo e de onde pretendemos chegar com isso. O problema é que a tendência é não ir muito longe.
O livro Pequeno tratado do decrescimento sereno de Serge Latouche (Martins Fontes) propõe uma revisão em nossos rumos e uma mudança no sentido do progresso que escolhemos trilhar.
De fato, nosso crescimento se apoia no consumo, o consumo se apoia no trabalho e desejo do consumidor de adquirir coisas, e para obtê-las trabalhamos cada vez mais, sem notar que caminhamos para o caos financeiro e a destruição do meio ambiente.
No modelo atual, a simples desaceleração do crescimento gera consequências ruins, incluindo o desemprego, a perda do poder de compra e o aumento da pobreza. O que Latouche propõe é uma espécie de "dieta" para um paciente que, ou adota a austeridade, ou não tem perspectiva de sobreviver.
E continuar pensando que os problemas se agravarão somente num futuro remoto apenas revela mais uma faceta do egoísmo que não pensa nem nos seus próprios descendentes, filhos, netos e bisnetos. Apenas em si.
Segundo o economista francês, "se tomarmos como índice do 'peso' ambiental de nosso modo de vida, sua 'pegada' ecológica em superfície terrestre ou espaço bioprodutivo necessário, obtém-se resultados insustentáveis, tanto do ponto de vista da equidade nos direitos de extração da natureza quanto do ponto de vista da capacidade de carga da biosfera. O espaço disponível sobre o planeta Terra é limitado."
Pense nisso. Ou então, tente pensar em qual avião vai pegar, quando esse aqui espatifar no chão duro da inconsciência e ambição desmedida.
_____
Leia a íntegra da entrevista de Latouche aqui.
Preview do livro aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário