sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Uma questão de atitude

Por Rita Foelker

Talvez você já tenha se perguntado se eu acho que vou mudar o mundo fazendo vasinhos e bonequinhas de garrafas. Creio que é uma pergunta pertinente.
Não, eu não acho que a solução que eu encontrei para guardar espaguete no meu armário terá um grande impacto no ecossistema ou nas cabeças dirigentes deste nosso mundo.
Penso até que nesse momento aparece muito mais o meu lado mulher como amante da beleza e da praticidade, organizadora do lar e apreciadora de trabalhos manuais.
Mas aparece também a educadora. Aquela que tenta exemplificar uma atitude. Aquela que tenta resgatar o polietileno tereftalato (significado da sigla PET) de seu triste destino nos lixões, ou nos bueiros e rios, agravando o problema das enchentes que tantos vêm sofrendo duramente neste verão, isso sem falar nos incomensuráveis danos ao meio ambiente.
Creio que a mensagem presente nesses objetos simples é esclarecer e conscientizar para o fato de que o PET pode ser transformado em coisas belas e úteis, pode ser reciclado, ou reutilizado. A indústria de refrigerante, as engarrafadoras de água etc., não vão parar tão cedo de despejá-lo em quantidades inimagináveis. Mas - ora! - existe algo bom pra se fazer com ele, desde porta-moedas até casas inteiras onde se pode morar digna e confortavelmente.
No caso das indústrias, como a têxtil Unnafibras de Santo André/SP, por exemplo, ele pode ser processado. Como a Unnafibras é abastecida de matéria-prima? Pelas empresas de processamento de garrafas PET, como a REPET, que possui duas unidades - em Mauá/SP e João Pessoa/PB, as quais suprem também o mercado de resinas, cordas, telhas e outros. Como as garrafas chegam às unidades da REPET? Pelas mãos trabalhadoras que vêm se organizando e ganhando espaço na economia do país, como no caso do MNCR - Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Havendo políticas de incentivo à coleta e reciclagem, estamos criando mais e mais oportunidades de trabalho para catadores, que hoje em dia já lutam para serem reconhecidos, não como excluídos tentando sobreviver, mas como profissionais com perspectivas à frente, contribuindo para sua própria família, para a sociedade e o planeta.
Por outro lado, se artesãos e artesãs apreciarem as peças mostradas aqui e as transformarem em fonte de renda, creio que este blog terá cumprido seu papel, da mesma forma.
Agora, ensinar uma criança a fazer um brinquedo reciclando materiais ou oferecer-lhe um brinquedo feito de material reciclado também é um modo de ajudá-la a crescer com uma mente aberta à reciclagem e à sua importância para o equilíbrio ambiental. É incentivar sua inteligência e criatividade para tornar melhor sua própria vida, a de sua família, a de sua comunidade, a de seu mundo. E esse é um implacável fator de mudança deste amado mundo em que vivemos.

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